quinta-feira, 30 de junho de 2011

"Quanto mais eu ando, mais vejo estrada."

Ah, trilegal ler essas coisas!
Fazia tempo que eu não entrava aqui. E de repente, novos textos, novas pessoas...
Tudo mudando, correndo, seguindo em frente, eu, você, todo mundo no meio do redemoinho!
E pensar que a minha viagem só está começando... uma vida inteira pela frente.

Depois de passar por Aiuruoca (Inês e Harvey), Camanducaia (Marcelo e Giovanna) e Carmo da Cachoeira (Fazenda Figueira), fui parar na cidade maravilhosa, Rio de Janeiro. Quem conhece esses 3 primeiros lugares pode imaginar o impacto que eu tive ao chegar ao Rio. Se antes eu sentia paz, se eu tinha me acostumado com o silêncio e o serviço comunitário, chegar a uma cidade grande, com música e barulhos, festas, engarrafamentos, multidões foi quase um tratamento de choque.
Sim... é verdade, o Rio é lindo! Tem cultura por todos os lados, a música é um som natural da cidade, a alegria contagia qualquer um. Mas foi a primeira vez que eu tive vontade de voltar pra casa. Fiquei farto de tanta beleza estética e não encontrar beleza interior. Havia me esquecido como o mundo é besta, Sebastião! Mas é nele que eu vivo e nele que eu vou ficar.

Luiza, que bom te ver aqui! Fiquei com vergonha por você ter gostado tanto do meu texto. Foi nada demais. Você devia ter colocado o seu.
A frase que tem me acompanhado nas viagens é: "Não se pertube o vosso coração..." (Jo, 14, 28)

Mariana Pipoca, seja bem vinda! Duas coisas que eu sempre busco nas minhas viagens: comidas e músicas novas. A última coisa legal que conheci por uma amiga espanhola no Rio foi Babylon Circus, ska francês. Ouça: http://youtu.be/dgZwM58Jurc

Vida longa, navegantes!
Como a Mari, eu também ensaiei muitas vezes escrever aqui. Escrevi alguns rascunhos, mas não terminei nenhum. Quando li a "imperfeita perfeição"do Lucas, me inspirei e escrevi um tanto, quase tudo que estava me atormentando/passando pela minha cabeça. Ficou enorme; e fiquei sem coragem de postar. Agora acho que não faz sentido escrever todas as minhas infinitas agonias de uma vez só, pode ser aos poucos. ( E quando a gente quer fazer tudo, acaba não conseguindo fazer nada - ou quase nada.). Tentarei, então, resumir o que passei esses últimos tempos contando um ocorrido:
Quando eu estava na Inglaterra, morei na mesma casa com um estagiário alemão, de 20 anos. Ele era muito legal e sensível e pecebia que eu estava passando por um momento difícil. Um dia ele me perguntou: "como você está se sentindo?", e eu respondi: "confusa". Daí ele disse: "confusa não é sentimento. Você não sente confuso, você pensa confuso. Como você está se sentindo: bem, ruim, triste, feliz?". Daí eu parei e tentei olhar pro meu sentimento. Com muita dificuldade, percebi que estava me sentindo bem. Bem. Que surpresa! E então percebi também que eu não estava me relacionando com os meus sentimentos, só com os meus pensamentos. Estava perdida nos meus pensamentos, com medo, achando que estava ficando louca (e ao mesmo tempo me achando egoísta por achar isso: então você acha que você é a única que sofre?). E o pior é que eu estava consciente disso tudo. O resumo é esse: estava fazendo pouco, sentindo pouco e pensando muito. Agora já estou me sentindo bem melhor. Fui melhorando aos poucos desde que voltei. Ainda carrego algumas das questões que tive lá, mas não mais com tanto medo, mais como sendo um desafio. Por exemplo: quero relaxar e viver, mas não quero estagnar e parar de crescer. Pra mim é muito difícil conciliar essas duas coisas. Trata-se muito de um lado de que eu sou (às vezes é terrível dar de cara com ele).
É claro que tudo nessa vida tem o lado ruim, mas tem o lado bom também. Uma das coisas muito boa dessas minhas viagens, foi eu perceber de novo o meu gosto de trabalhar do lado de fora (mesmo no frio!): no jardim, na fazenda. O que me fez decidir agora começar o curso de Agricultura Biodinâmica em Botucatu. A 1ª etapa acontece em quatro módolos de uma semana cada. Acabei de voltar do primeio módolo. Estou adorando! Meus professores são ótimos e meus colegas muito legais! Um dos foques deste primeiro módolo, que os professores querem passar pra gente, é aprender a observar sem julgar, sem especular, sem tirar conclusões, só prestando atenção no fenômeno.
Para finalizar: sempre gostei de pensar várias coisas que me fazem sentir bem. E de me ater à esses pensamentos, deixá-los em mente. Às vezes até me pego meio desesperada quando percebo ter esquecido o pensamento que estava me ajudando. Acho que tenho que melhorar isso. E adorei ler A Imperfeita Perfeição. Mas ainda tenho essa mania. E quando não é de modo obsecado, realmente me ajuda. Então gostaria de compartilhar dois que tem me ajudado: 1-tudo passa. 2- fazer antes o que é necessário.

Eu sou a Luiza, de 20 anos.

Obrigada por me ouvirem.
E eu adoro ler vocês!!

terça-feira, 28 de junho de 2011

Sopros

Bem, vamos lá... coragem!!!!
eu sou uma das integrantes desse barco a navegar... depois de muito pensar, fazer rascunhos e confabular por aí o como ia entrar "nestas águas a serem descobertas", vou na raça sem lápis nem papel...
estou naquele caminho em que todos conhecem: de aprender a viver.
em quanto isso, tenho muitas paixões a compartilhar e várias indignações com coisas deste "mundo louco q vivemos".... mas estamos aí, não?
desde pequenininha amo as artes, Viciadérrima em música (faute à moi)... viagem relativamente, mas como tanta coisa a se ver, gostaria de conhecer muitas coisas ainda....
sou tão rasa e profunda, que acho q invés de tentar de expressar tudo agora, vou deixar vcs me conhecendo (pela perspectiva pessoal) o que sou: "este nada, inteiro"
vou chegando aos poucos.... não vou prometer uma constância, pois isso depende dos ventos... só prometo dicas de música (amo!), gostaria de conhecer o gosto de vocês ae é mais fácil indicar alguma coisa.
é isso. Voilá!

ao final: Sou a Mariana, mas podem me chamar de Pipoca!

grande beijo e carinho neste dia e nesta vida que continua, até!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Olho nos olhos

Sentada à mesa, observando meus avós comer, respirar, suspirar... observo cada ruga, cada movimento lento e preciso, cada olhar profundo...
Observo tudo isso e fico com medo: será que ficarei um dia tão velha e tão entregue ao tempo, tão sem movimento, liberdade física, ou até mesmo de pensamento? Será que ficarei presa nessa camada de poeira cotidiana? Será que não irei descobrir mais, a cada dia que passa, algo novo? O medo me atinge.
Mas se penso bem, o que faço hoje? Não me acomodo no cotidiano e a inércia do antigo não é mais forte do que a do novo? Não me acomodo a situação de vida: essa de uma vida enfadonha, intediante, rodeada pelos avós? Não poderia eu mudar esse cotidiano deles? Não poderia eu inovar suas vidas? Sim, mas a inércia é maior. Me sinto impregnada pelo "deixar as coisas como elas estão" e me irrito demais com um cotidiano repetitivo, onde não acho um espaço onde possa atuar, onde possa subir ao palco... E por isso também não mudo nada.
Mas assumindo a não mudança, posso começar a observar os meus avós, observar seus gestos, seus sorrisos, suas irritações... Passar da observada para a observadora.
Afinal, talvez me sinto tão irritada com eles, por ter medo do futuro... medo de ficar como eles...