Observo tudo isso e fico com medo: será que ficarei um dia tão velha e tão entregue ao tempo, tão sem movimento, liberdade física, ou até mesmo de pensamento? Será que ficarei presa nessa camada de poeira cotidiana? Será que não irei descobrir mais, a cada dia que passa, algo novo? O medo me atinge.
Mas se penso bem, o que faço hoje? Não me acomodo no cotidiano e a inércia do antigo não é mais forte do que a do novo? Não me acomodo a situação de vida: essa de uma vida enfadonha, intediante, rodeada pelos avós? Não poderia eu mudar esse cotidiano deles? Não poderia eu inovar suas vidas? Sim, mas a inércia é maior. Me sinto impregnada pelo "deixar as coisas como elas estão" e me irrito demais com um cotidiano repetitivo, onde não acho um espaço onde possa atuar, onde possa subir ao palco... E por isso também não mudo nada.
Mas assumindo a não mudança, posso começar a observar os meus avós, observar seus gestos, seus sorrisos, suas irritações... Passar da observada para a observadora.
Afinal, talvez me sinto tão irritada com eles, por ter medo do futuro... medo de ficar como eles...
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